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Com queda no preço do boi, indenizações do seguro pecuário dispararam

A forte queda do preço do boi gordo provocou um súbito aumento das indenizações do seguro pecuário em 2023, mostra levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). O valor pago aos criadores chegou a R$ 164,5 milhões, uma alta de mais de 13 vezes em relação ao ressarcido no ano anterior e quase sete vezes superior ao total indenizado entre 2020 e 2022.


O levantamento indica que a maior parte das indenizações — R$ 150,1 milhões, ou 91,2% do total — foi paga entre os meses de julho e novembro. Só o mês de setembro respondeu por um terço do total do ano, com R$ 55 milhões restituídos.


O seguro pecuário, além de indenizar o produtor em caso de morte de animais, também pode ser acionado quando os preços ao produtor cruzam um limite mínimo acertado junto à seguradora. Isso mitiga o risco em momentos de grande volatilidade, quase como uma operação de hedge. A diferença é que o seguro pecuário depende de o produtor ter animais vivos aos quais possa atrelar a apólice.


Segundo Daniel Nascimento, vice-presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (CNSeg), o pagamento é condicionado ao preço de mercado no vencimento da apólice, o que significa que o pecuarista pode ser indenizado e, ainda assim, segurar o gado no pasto para tentar vender quando os preços subirem.

Há, ainda, uma opção de seguro para as pastagens, que abrange períodos em que geralmente chove. Se a estiagem atinge o pasto, ameaçando a produtividade do rebanho, o produtor também é indenizado.


Mas mesmo com essas opções, que já existem há anos, o seguro pecuário é ainda menos popular do que o agrícola, de acordo com Nascimento. No ano passado, as seguradoras pagaram R$ 2,5 bilhões em indenizações aos agricultores, uma redução de 72% no comparativo anual.


“É preciso conscientizar o pecuarista, porque ninguém esperava que o preço fosse cair tanto. O produtor não é dono do preço. E cabe às seguradoras também explicarem melhor seus produtos e inovarem nas proteções para essas outras cadeias”, disse Nascimento, à reportagem.


O vice-presidente da comissão defende que o governo federal também tome medidas para fomentar o seguro rural no país. Segundo o dirigente, de um lado, ainda falta subvenção para estimular os produtores rurais a aderirem; do outro, é preciso criar um fundo de catástrofe para reduzir o impacto nas seguradoras e resseguradores em anos com grandes perdas.


Nas últimas safras sob influência do La Niña, especialmente a de 2021/22, muitas seguradoras tiveram que desembolsar até 700% a mais do que captaram em prêmios por conta de perdas nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, que também concentram a adesão ao seguro rural. “Fez seguradoras revisarem seus produtos ou saírem de determinadas regiões e culturas”, disse.


A CNseg propõe um fundo formado por recursos obrigatórios da União e das seguradoras que operam o seguro rural, além de contribuições facultativas das resseguradoras e do setor privado, com um limite global de R$ 4,5 bilhões. “É algo que já existe em outros países como Estados Unidos, Espanha e Índia”, afirmou Nascimento.


Fonte: CQCS


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